Post mais que atrasado, eu sei… Mas o conteúdo é bacana.
O terceiro dia de Dragão Fashion foi marcado por alegria. Assisti a dois desfiles, mas foram incríveis. Duas marcas totalmente diferentes, com propostas diferentes, temas diferentes, públicos diferentes.
Tô gostando demais da evolução da marca Dona Florinda, que pela primeira vez se apresentou no evento. Pelo que percebi, agora ela se chamará apenas Florinda. O desfile da marca veio com um conceito leve, coerente e cheio de estilo. Fugiu muito da zona de conforto e, pra uma marca comercial, veio com uma pegada mais conceito bem atraente.
“É através do texto de Janaina Yhema, o estilista Ivanildo Nunes desperta para o desejo de mostrar a alma feminina cheia de paradoxos e subjetividade, e encontra a ponta do novelo que desenrola a coleção que apresentará no DFB 2014.
“Por muito tempo, fiquei sentada na varanda olhando a vida passar. Tudo parecia calmo e tranquilo. Cresci e fui ficando inconformada com algo que não sabia explicar. Comecei a me despir e ver que tudo ficara diferente. Meu corpo mudara, meus desejos se transformaram e a necessidade de me mostrar era latente. Tudo era enlouquecedor. Os vestidos candy color já estavam esquecidos e o gosto pelo vermelho e preto materializava minha paixão. Paixão pelo mundo, pelo conhecimento, por homens e mulheres que nunca tive. Agora sou outra e quero que o mundo me veja assim!”.
Ivanildo inicia o desfile com vestidos em tons candy colors, simbolizando uma faceta passiva de outrora,que logo explode em um vermelho vibrante, sintonizados ao preto e dourado.
O estilista apresenta uma família de looks vermelhos pela primeira vez e “acredita que conseguiu deixá-lo sofisticado e longe da possibilidade vulgar”. Para o estilista, o receio em usar o vermelho, desapareceu com tanta beleza. Valentino contestaria, porém, da utilização da cor no ritual ao puro gosto por ela, vai um longo caminho de evolução social e psíquica em que participam inúmeros elementos conturbadores. Daí ser tão complexa a definição do gosto estético em geral.
Ivanildo traz para esta coleção,rendas de bilro, labirinto, crochê, rechilier e renda renascença mesclados ao tule e às rendas industriais. Verdadeiras preciosidades artesanais, que precisam de contato íntimo para a justa apreciação.
Pensando nisso, o estilista preparou um vídeo que abre o desfile e mostra o minucioso trabalho, desenvolvido junto às comunidades artesãs ao redor do estado do CE, que dominam ao todo, 13 técnicas manuais. Como consultor do da Ceart, ele mapeia constantemente o segmento artesanal e faz inúmeros laboratórios propondo o uso de fios e desenhos diferenciados. Alguns artesãos são receptivos e tornam-se parceiros ou crescem em seus negócios individuais. A grande maioria,uma triste realidade que conhecemos, já não se articula com verve, desacreditados de um futuro promissor. A mão-de -obra, que demanda muito tempo e conhecimento é pouquíssimo valorizada. Muitas vezes, acontece de um artesão trocar alguma peça que pode ter sido necessário um mês para ser finalizada, por um item emergencial de sobrevivência.
Pelo que Ivanildo nos conta, esta dinâmica parece já acontecer de maneira muito natural, onde o atravessador que compra, paga barato porque a outra ponta oferece o produto por um preço que as vezes é o almoço do dia. Falta valorização, antes de mais nada, em ambos os lados. Há, também, o iminente risco de extinção do domínio de tais técnicas. Os jovens não se interessam,e,sejamos compreenssivos: Com acesso a tanta informação, bem ou mal, todos querem horizontes mais amplos, e o cenário do artesanato se desenha cheio de controvérsias.
As mulheres mais velhas, em geral,são as verdadeiras apaixonadas e cultivadoras de tais riquezas. Já se tornaram parceiras de Ivanildo, e com as quais já estabeleceu uma relação famíliar.
O estilista engavetou um grande projeto para o desfile deste ano por uma questão de cronograma, mas a verdadeira motivação de seu trabalho autoral,é manter vivíssimo e valorizado um grande tesouro brasileiro,o nosso artesanato. Em especial, estas técnicas de incontestável riqueza estética.
Ivanildo faz parte também do Atelier criativo, um projeto do Sebrae,que será experimentado pela primeira vez no DFB 2014, como um piloto, em que as duplas são formadas por designers de roupa e acessórios. O objetivo é apresentar uma peça no desfile, onde a matéria-prima seja totalmente reaproveitada do material utilizado no desenvolvimento da coleção. Nessa jornada, o parceiro de Ivanildo nunes é o designer de joias Cláudio Quinderé, que criou peças em prata especificamente para o desfile no DFB 2014.”
Por Ingrid Furtado.
Sou fã do Ivanildo. Todo ano assisto aos desfiles dele. O cara é a humildade em pessoa. Uma vez ele deu uma palestra na faculdade que estudava, e desde então fiquei encantada com o trabalho dele. É tão pé no chão, longe de querer aparecer como um estilista estrelista.
E aí, ele vem e me apresenta uma coleção dessas. É pra realmente me deixar apaixonada. Vestidos que mais parecem sonhos. Acabamento impecável. Coleção com elementos de transição bem claros. Famílias bem definidas. Tecidos bem escolhidos. Eu sai da sala desejando todos. MARAVILHOSO, pra aplaudir de pé.
E aí, gostaram desses desfiles? Que não teve a oportunidade de assistir, estão disponíveis os vídeos da apresentação. Muito incrível, né?